quinta-feira, 23 de abril de 2009

Quando o telefone Tocou

Homem, solteiro, boa aparência, residência própria, boa situação finaceira.Sozinho.Mais parece um anúncio de jornal.Não é, me pergunto.Não.
Sou agradável, tenho amizades sínceras, e ter consciencia disso faz com que eu tenha por mim uma amizade aprazivel.Olhando paredes brancas no fim de uma tarde de domingo, o tédio me alimenta e delicadamente me come, degustando cada detestável minuto.
Falo como se alguém falasse por mim, porque sou vários caminhos,percebo,ouço.Silêncio.
Nenhum ruído, no entanto sinto a ressonância do silencio roçando o silencio;cresce a hostilidade.Sufocado no confinamento e restrição.Grito.Meu grito foi tão sufocado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado, meu mal-estar era de algum modo divertido.
Você deve estar se perguntando donde andam meus amigos, certo?Ou se realmete os tenho.Como resposta digo.Meus amigos são amigos muito fortes e profundos,são amigos de fé.
Vazio.
Fiquei ali parado, procurandoalguma coisa que não estava nem esteve ali.
Andei pensando coisas.Acostumado a consumir pessoas como cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro,depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou.O que eu sinto não é traduzivel.
Coisas, objetos; coisas viventes.Como sei?Posso senti-los.Minha vida é feita de fragmentos.Falo sozinho, cansado de pensar as mesmas coisas.Pergunto as paredes(me detesto, impessoalmente).E elas respondem.
Fiquei tão só, aos poucos.
As vezes, nos fins de semana, principalmente, tiro o telefone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado.Não foi.
Paredes brancas,domingo de uvens cinzentas,o silencio corrói, a tensão aumenta.Paredes respondem o meu chamado e eu ás escuto.
Quando o telefone toca, quase não ouço.
 - Alô
 - Hey, passeio no Ibirapuera, conversa jogada fora, companhia?
 -Sim ,sim,yeah!

Já não ouço as paredes.Posso senti-las, mão não as ouço mais.Saiu ao encontro encontro dos amigos muito fortes e profundos, que fazem com que o telefone ainda toque.

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